10 dicas para um bom acabamento em uma peça feita por impressão 3D
O acabamento é uma etapa importante no processo de impressão 3D. Digamos que se trata da “cereja do bolo”, já que, sem um bom acabamento, o produto final da impressão fica literalmente sem brilho e, porque não dizer, também bem sem graça. Eduardo Pimentel é um fã de Cosplay e nos oferece dicas preciosas de como fazer um bom acabamento em uma peça de impressão 3D [veja a galeria de imagens ao final deste post].
Para começar, é preciso ressaltar que o material que ele usa na impressão de suas peças é o PLA. O PLA é um polímero produzido a partir de ácido láctico. É mais eficiente que o ABS para determinadas moldagens, pois tende a não deformar e libera menos fumaça ao atingir o ponto de fusão, além de ser biodegradável. Isto posto, vamos às dicas:
Tratamento químico ou mecânico? Quais as vantagens e desvantagens de um e outro?
Para tratar uma peça de impressão 3D, existem diversas abordagens possíveis. Uma delas é o conhecido tratamento mecânico – que se vale de atrito (lixas, retíficas), pressão (alicates, tornos), cortes (tesouras, navalhas) e semelhantes modos de manuseá-la com força para obter bons resultados de acabamento da peça. Outra abordagem é o tratamento químico: aqui, ao invés de lidar com instrumentos exercendo força na peça, é possível submetê-la a reações ou manipulações químicas, como expor a algum vapor que “alise” a superfície ou passar algum verniz ou substância protetora.
O tratamento químico para o PLA inclui apenas resinas; outro produto químico que funciona é o clorofórmio, porém o clorofórmio é bem nocivo à saúde, então é bom ter muito cuidado ao usá-lo em seus testes. Para o Cosplay, o Eduardo Pimentel revela que prefere usar o tratamento mecânico com primer, pela sua grande capacidade de preenchimento. Vantagem do tratamento químico: rapidez do trabalho.
Desvantagem: toxicidade do método e alto custo.
Vantagem do tratamento mecânico: baixo custo relativo.
Desvantagens: Demora mais e pode perder alguns detalhes da impressão, além de desbotar a cor da peça, pois ficará evidente o lixamento.
Qual a importância do primer na preparação da superfície para usar a tinta?
A função primordial do primer é preparação do fundo para uma melhor adesão da tinta, pois muito materiais, principalmente plásticos, não permitem que a tinta possa aderir satisfatoriamente e acaba “descascando”. A outra função do primer é correção de pequenas falhas sem a necessidade de aplicar massa para correção.
Técnicas para preparação de superfície
Existem várias, como massas – massa rápida, massa poliéster, massa plástica, kombi filler, bondo e outras – todas essas foram importadas dos trabalhos de funilaria automotiva, vale ressaltar.
E a pintura propriamente dita, como fazer?
Com aerógrafo, compressor ou pincel. Em todas as 3 opções é obrigatória a utilização do primer antes da pintura, para melhor adesão da tinta, como citado anteriormente. Não tem muito segredo na pintura. Algumas dicas básicas: se for pintar com compressor e pistola, regule a pressão do compressor ao que for exigido pela pistola e calibre-a com tinta de acordo com a vazão, leque de alcance e mistura de ar e tinta. Prefira a compressão de barril – é mais cara, mas garante a pressão regular e qualidade, além de possibilitar a utilização de ferramentas pneumáticas. E lembre-se sempre que é preciso testar, pois para cada peça há uma configuração ideal. O aerógrafo funciona quase da mesma forma que as pistolas de compressor, mas, por ter um jato pequeno, é possível detalhar e até pintar à mão livre sem necessidade de mascaramento.
Dicas de ferramental: pistola de pintura tipo HVLP com reservatório por gravidade da Chiaperini, e aerógrafo da Sagyma.
O que fazer para reforçar a resistência das peças impressas
Eduardo Pimental conta que, no caso dele, como geralmente imprime peças grandes como um capacete ou uma armadura, o ponto fraco sempre serão as emendas; mesmo usando superbonder a peça pode descolar (acredite!). Ele usa também a técnica de soldagem aproveitando o próprio filamento em uma microretífica. Como funciona? O atrito do filamento em rotação alta com a impressão faz com que o filamento derreta e entre na parte que estiver sendo soldada. O material vai se unir satisfatoriamente e quase ficará como uma peça única. Mágica? Não, muito trabalho árduo mesmo.
Como criar efeitos de “brilho” e “fosco”?
Para efeitos de brilho e fosco é usado o verniz adequado à tinta que se está utilizando. O verniz, além de oferecer uma proteção à tinta, também a faz brilhar ou ficar fosca, de acordo com o tipo de verniz. Não é recomendado utilizar um verniz diferente do tipo de tinta utilizada, como por exemplo, se a pintura for com tinta poliéster automotiva, é necessário passar um verniz poliéster ou poliuretano para que a tinta tenha uma boa aderência na peça, além de proteção a intemperies. Um verniz diferente pode causar uma certa fragilidade na tinta, logo, é bom evitar.
Como fazer o lixamento de um produto de impressão 3D
Para o lixamento é recomendável a utilização de lixa de massa automotiva ou lixa d’água de numeração 120, 220 e 400. Quanto menor a numeração da lixa, maior serão os granulados dela, e mais arranhada ficará a peça. Sempre que usar uma lixa mais grossa, é recomendado usar uma mais fina para acabamento e retirar as possíveis trilhas da lixa mais grossa. Por exemplo, na armadura do Lich King que Eduardo criou em sua impressora 3D, ele usou as lixas 120, 220, 400 seca e 1200 e 2000 d’água. A lixa 120 foi usada para suavizar a massa colocada para cobrir as emendas das peças; a 220, para lixar todo o primer PU na peça para deixá-la mais lisa, e a 400 para deixar perfeitamente igualada. Após a pintura e o verniz, ele usou a lixa 1200 para acertar alguma parte que a tinta enrugou e a 2000 para afinar a pintura e retirar possíveis poeiras que fixaram na tinta quando esta estava molhada.
A lixa d’água só pode ser usada com a lixa e a superfície molhada, pois dessa forma agride menos a peça; também é utilizada para acabamento fino. Se for usar a lixa com apenas as mãos, você deve lixar sem colocar força e preferencialmente com a palma da mão aberta, para uma pressão uniforme, ou poderá criar irregularidades na superfície. É possível utilizar o taco apropriado para lixa, para criar uma pressão uniforme, ou ainda um pedaço de chinelo de borracha, tipo havaianas, para prender a lixa (essa técnica é uma forma baixo custo para substituir o taco para lixar). Caso tenha um orçamento maior, use as lixadeiras orbitais (uma máquina portátil que irá oscilar a lixa rapidamente), lixadeiras roto orbitais (é igual a orbital, mas se vale de uma lixa que vibra e roda ao mesmo tempo) e uma micro retífica tipo a Dremel, pois com ela é possível fazer vários tipos de acabamento devido aos seus acessórios.
Lembre-se sempre: o melhor modo de lixar uma peça de impressão 3D é lixar o lado oposto da impressão ou lixar em movimentos circulares.
Como usar a massa no acabamento das peças?
A massa depende da finalidade: para pequenos reparos tipo encaixes de peças, é possível usar um kombi filler, que é uma massa de reparos rápidos com secagem avantajada e grande poder de penetração nas fendas e irregularidades da superfície aplicada; a massa rápida usada para pequenos reparos pode cobrir todas as linhas da impressão, mas o tempo de secagem ideal leva cerca de 6 horas. Ambas são macias e fáceis de lixar.
Para reparos maiores e mais trabalhosos a massa poliéster é razoavelmente macia e cobre quase qualquer falha na primeira passada. Massa plástica é a mais barata, cobre qualquer coisa, mas é dura como ferro para lixar. Nota do Eduardo: “para essas você tem que ter foco, fé e muita força na mão para lixar!” 😛
Para aplicar, use uma espátula ou celulóide, ou o dedo mesmo, com uma luva, para aplicar as massas mais leves e pastosas (massa rápida e kombi filler). Aplique finas camadas e espere a cura. Caso necessário, aplique outra camada. Nunca aplique muito de uma vez pois a cura vai demorar muito (se for a massa rápida às vezes no centro ela nem cura). Na dúvida, siga sempre as instruções contidas na embalagem da massa.
Como proteger a pintura dos efeitos e ações do tempo, visando a durabilidade?
Para efeitos de brilho e fosco é usado o verniz adequado à tinta que se está utilizando. O verniz, além de oferecer uma proteção à tinta, também a faz brilhar ou ficar fosca, de acordo com o tipo de verniz utilizado. Não é recomendado, portanto, usar um verniz diferente do tipo da tinta empregada. Por exemplo, se a pintura for com tinta poliéster automotiva, é necessário passar um verniz poliéster ou poliuretano para que a tinta tenha uma boa aderência na peça, além de proteção a intemperies. Um verniz diferente pode causar uma certa fragilidade na tinta, logo, é bom evitar.
Dicas de produtos e maquinário para acabamento em impressão 3D
Produtos: massa rápida, poliéster, Kombi Filler para correção (da Sherwin Williams), muitas, mas muuuitas lixas mesmo! (Procure adquirir vários tipos de lixa; o Eduardo usa as da Norton e 3M);
Maquinário: orbital da Makita – alternativa de baixo custo e com boa qualidade – roto orbital da Bosch – a Bosch fabrica ferramentas para uma vida toda. Caras, mas valem cada centavo – e, por fim, uma micro retífica Dremel (melhor micro retífica do mercado pela qualidade e variedade dos acessórios).
Quer ver o Eduardo Pimentel aplicando suas dicas na prática? Veja os vídeos dele no YouTube:
Olá!
O que você recomenda para pintura e acabamento de canecas e copos em PLA, uma vez que nada pode ser tóxico?
Abraço!
Olá!
O que você recomenda para pintura e acabamento de canecas e copos em PLA, uma vez que nada pode ser tóxico?
Abraço!
Estou imprimindo peças em PLA, onde consigo comprar resina para dar acabamento?
sugere alguma marca de tinta que eu possa pintar?
as peças são pequenas e detalhadas posso pintar com pincel?
Estou imprimindo peças em PLA, onde consigo comprar resina para dar acabamento?
sugere alguma marca de tinta que eu possa pintar?
as peças são pequenas e detalhadas posso pintar com pincel?