Manufatura Aditiva: uma revolução pervasiva na produção
A Manufatura Aditiva (MA) é um dos principais pilares da Indústria 4.0. Sendo esta suportada por sistemas de controle avançados hiperconectados e em rede, não é de surpreender que o impacto econômico causado pela “personalização em massa” de mercadorias, com produção descentralizada – arquivos 3D e armazenamento na nuvem – eficiência energética e tecnologia “verde”, para citar apenas alguns fatores, sejam celebrados como desencadeantes de uma verdadeira “revolução” tecnológica na indústria mundial atual.
E, por tudo isso, o motor dessa revolução chama-se impressão 3D. Em uma apresentação (vídeo abaixo) sobre o tema no showroom da Mimaki, em São Paulo, Dr. Jorge Vicente Lopes – pioneiro na adoção de tecnologias 3D complexas para o Brasil – intitulou sua apresentação com a sugestiva frase “Manufatura Aditiva: Uma Revolução Pervasiva na Produção”. Uma provocação direta e bastante pertinente ao que a tecnologia se propõe a realizar em praticamente todas as áreas do conhecimento.
Senão, vejamos: da medicina regenerativa (scaffold tissue engineering), passando por diversas outras técnicas de manufatura avançada na indústria (SLS, SLM, DMLS, EBM); da fabricação de peças em escalas nunca antes imaginadas, como macro, micro e nano a diferentes tipos de materiais que vêm sendo estudados, aprimorados e lançados no mercado, talvez a palavra “revolução” possa dar uma dimensão do que vem por aí. Examinado de perto, no entanto, o cenário está longe de ser apocalíptico: ao contrário, parece que uma mudança está apenas começando, em um contexto repleto de novas oportunidades.
Impressão 3D nos anos 1950
A técnica de imprimir em 3D já existe desde os anos 1950, a partir da chamada fotoescultura, precursora da estereolitografia, esta sim tida como a “origem histórica” da impressão 3D. Mas a estereolitografia só surgiria bem mais adiante, pelos idos de 1984, sendo patenteada em seguida por Chuck Hull. Um fato curioso sobre essa história é que, apenas 3 semanas antes do registro da patente por Hull, três inventores franceses haviam desistido de patentear a mesma técnica alegando “falta de perspectiva de negócios”. (!!)
Algo semelhante parece ocorrer no Brasil agora, haja visto o lento despertar para o alvorecer da Manufatura 4.0 por aqui. Apesar da desconfiança ainda presente no país com as chamadas “tecnologias disruptivas”, que demandam enormes investimentos em inovação, a impressão 3D já começa a ser reconhecida menos pela aparente ficção científica envolvida nela – alguém falou em 4D printing? – e mais pelo papel fundamental como integradora entre sistemas ciber-físicos, que também representam a base da Indústria 4.0. Afinal, uma peça impressa em 3D é palpável. É literalmente a materialização de um arquivo virtual. O que, por si só, já é bastante disruptivo, não é mesmo?
Basta somarmos a isso a possibilidade quase infinita de modelagem de peças e sistemas mais complexos, e fica fácil entender porque a MA é tão fundamental para a inovação tecnológica na indústria. Dr. Jorge Silva destaca que, só no ano passado, a MA representou 0,093% da manufatura convencional. “Se a gente sonhar que isso pode chegar, rapidamente, a 5%, imagine o potencial e o impacto da tecnologia na economia”, comemora ele, que trouxe a impressão 3D para o Brasil com a primeira impressora industrial, em 1997 – e que funciona até hoje – exposta no CTI Renato Archer, em Campinas.
No vídeo abaixo, você assistirá a uma verdadeira aula sobre história, tendências, processos e aplicações das tecnologias de impressão 3D, por Jorge Vicente Lopes, PhD: